Além de reformas sociais, os manifestantes, há dois meses nas ruas, exigem a mudança de uma Constituição que remonta à era pré-democrática de Augusto Pinochet. Os protestos começaram por ser pacíficos mas a resposta das autoridades não foi proporcional, tendo o próprio Presidente reconhecido já que os militares usaram força excessiva para os conter
Os chilenos votaram este domingo a favor da mudança de uma Constituição herdada da ditadura. Segundo os resultados preliminares da consulta não vinculativa, nas 29 cidades que a realizaram eletronicamente, foi registado mais de um milhão de votos. Desse total, mais de 800 mil votaram no sentido de se mudar o texto constitucional.
A consulta, que se realizou dois meses depois do início dos protestos no país, começou na semana passada com a votação nos sites dos municípios e prosseguiu este domingo com votações presenciais.
No total, cerca de 1,5 milhões de eleitores tiveram a possibilidade de se pronunciar.
“Cerca de 80% dos cidadãos pedem uma nova Constituição e 70% pedem que essa Constituição seja feita por uma constituinte”, disse Felipe Delpin, presidente da Câmara de La Granja, na região metropolitana de Santiago, a capital chilena, à rádio Cooperativa.
As outras questões apontadas como prioridades pelos eleitores foram, de acordo com a agência de notícias France-Presse, as exigências que têm marcado as manifestações: as reformas, a saúde e a educação pública.
GOVERNO JÁ ANUNCIOU REFERENDO PARA O PRÓXIMO ANO
Os protestos, que eclodiram em meados de outubro, começaram por ser pacíficos. No entanto, a resposta das autoridades não foi proporcional, tendo o próprio Presidente do país, Sebastián Piñera, reconhecido já que os militares usaram força excessiva para conter os protestos.
As marchas e os comícios têm decorrido em Santiago e noutras partes do Chile, exigindo melhores condições de vida, com salários e pensões mais altos, e um melhor sistema de educação.
Além das reformas sociais, os manifestantes exigem a mudança de uma Constituição que remonta à era pré-democrática do líder militar Augusto Pinochet. Pressionado nas ruas, o Governo já anunciou que realizará no próximo ano um referendo no país sobre o texto constitucional.
O rastilho dos protestos foi o aumento do preço dos bilhetes do metropolitano em Santiago mas a contestação espalhou-se rapidamente por todo o país em manifestações mais abrangentes contra os elevados níveis de desigualdade, os preços elevados dos cuidados de saúde e o baixo financiamento destinado à educação.
Até ao momento, as manifestações, que terão reunido mais de 3,7 milhões de pessoas, fizeram 26 mortos.
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