Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos, já montou a sua equipa legal. Um dos mais conhecidos nomes defendeu O.J. Simpson e já disse que as suspeitas que recaem agora sobre Trump são as “mais graves” algum dia impostas a um Presidente. Mesmo assim, é contra o impeachment
Os últimos dias foram uma correria no distrito político de Washington D.C. Primeiro foi a pompa do ritual que obriga os membros da Câmara dos Representantes a entregar em mãos a fundamentação do processo de destituição do Presidente Donald Trump ao Senado, onde Trump deve começar a ser julgado na terça-feira. Depois a cadência alucinante de citações de um e outro lado, com os democratas e pedir “imparcialidade” aos republicanos e os republicanos a tentar avançar a ideia de que o julgamento nem devia começar – a chamada “dismissal” que Trump, como seria de esperar, já defendeu.
Os republicanos não devem aceitar esse “conselho” do Presidente e é por já estar a contar com um julgamento longo que Trump contratou alguns dos mais experimentados advogados de Washington: Kenneth Starr, um dos principais investigadores no caso de Bill Clinton (que o Senado absolveu, em 1999, depois de um julgamento que começou no fim de 1998) e Alan Dershowitz, professor de Direito em Harvard que se tornou famoso por defender celebridades como O.J. Simpson, ex-jogador de futebol americano e ator que foi absolvido do assassinato de Nicole Brown Simpson, então sua mulher, e um amigo dela, Ron Goldman.
Na altura, os meios de comunicação encontraram um nome apropriado para equipa de advogados de O.J. Simpson, que quase ninguém adivinhava que pudesse vir a ser ilibado: “The Dream Team”. Além destes dois nomes, também Robert Ray, que escreveu o relatório final sobre as provas contra Clinton, Pat Cipollone, advogado da Casa Branca, e Jay Sekulow, um dos advogados pessoais do Presidente, farão parte da equipa de Trump, com este último na liderança da estratégia defensiva.
Num comunicado divulgado pela equipa de advogados de defesa, citado pelo “New York Times”, a equipa começa por explicar os procedimentos iniciais do julgamento: “O professor Dershowitz vai apresentar oralmente os primeiros argumentos contra o impeachment e a remoção do Presidente”. Isto apesar de, como também fica claro no comunicado, se ter oposto ao impeachment de Clinton e de ter votado em Hillary Clinton. “Dershowitz acredita que as questões em jogo são essenciais para a preservação da nossa Constituição. Participa neste julgamento para defender a integridade desse texto e impedir a criação de um perigoso precedente constitucional”.
Conservador libertário, Dershowitz tem enfrentando algumas críticas recentes por ter aceitado defender Jeffrey Epstein, ex-multimilionário norte-americano que fundou uma rede de prostituição de menores e alegadamente se enforcou na sua cela em Nova Iorque no verão de 2019. Já escreveu um livro contra o impeachment de Trump mas também já disse que as suspeitas de abuso de poder que Trump enfrenta neste julgamento são “as mais sérias de sempre a recair sobre um Presidente norte-americano”.
A ex-procuradora-geral da Flórida, Pam Bondi, e a advogada pessoal de Trump, Jane Raskin, complementam a equipa jurídica de impeachment do Presidente.
O julgamento vai focar-se no caso do alegado abuso de poder por parte de Trump ao contactar o seu homólogo ucraniano para lhe pedir que investigasse a família de um dos seus principais adversários das eleições presidenciais de 2020, Joe Biden, por corrupção, em troca de ajuda financeira e militar. O resultado, porém, está praticamente determinado, já que a votação de dois terços necessária para remover o Presidente precisaria que 20 senadores republicanos “desertassem” para as trincheiras democratas.
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