O assentamento Santa Maria do Paranã, no município goiano de São João da Aliança, a 140 quilômetros de Brasília (DF), tem água em abundância e localização privilegiada. Lá, o engenheiro florestal Eduardo Fernandes Melo e o pai, José Gilberto Fernandes Melo, desenvolvem, em cerca de 10 hectares, um projeto de piscicultura que rende 100 toneladas de peixes ao ano.
Em 2008 eles chegaram à área onde hoje existem 21 tanques de criação. Atualmente, 18 estão em plena produção de tilápia, tambatinga – híbrido do tambaqui e a pirapitinga – e jundiara, cruzamento do jundiá do Amazonas e da cachara da bacia do Tocantins. Têm como destino feiras, bares, restaurantes e mercados de São João da Aliança, São Gabriel de Goiás, Planaltina de Goiás e Planaltina (DF).
Apenas na Semana Santa, venderam entre sete e oito toneladas de pescado. “Fizemos entregas diárias, além dos compradores que buscam o produto diretamente aqui no assentamento”, relata Eduardo.
O preço do quilo dos peixes eviscerados gira em torno de R$ 17. No caso de pesque e pague, o valor médio alcança R$ 14.
Dedicação
Até o primeiro ano de comercialização, em 2020, foi necessário muito trabalho. “Primeiro fizemos alguns cursos a fim de aprimorar o nosso conhecimento. Em paralelo, fomos atrás da outorga e do licenciamento ambiental a fim de iniciar a criação”, explica o engenheiro florestal.
No final de 2016, com a licença em mãos, começaram a construir os tanques. “Resolvemos fazer por conta própria, para baratear os custos de instalação”, lembra seu Gilberto.
A mesma máquina daquela época é utilizada na manutenção e despesca, quando ocorre a retirada das unidades de cultivo para o abate e a comercialização.
A água que abastece os tanques de criação vem das barragens do Rio Paranã. O sistema de captação, construído em regime de mutirão, tem capacidade de atender 60 lotes. “Se mais assentados iniciarem a produção conseguiremos baratear os custos de ração e transporte porque poderemos trabalhar em parceria”, afirma Eduardo.
Mas a implantação de novos projetos esbarra em questões como a infraestrutura, o preço da ração, a compra de alevinos (filhotes) e a expedição do selo que permite a venda em outros municípios, ampliando, assim, o mercado consumidor.
O fornecimento de energia elétrica também é um complicador. “Produzimos a energia que abastece os freezers a partir da água que chega nos tanques, porque não há rede de abastecimento até o lote”, esclarece Eduardo.
Flores de Goiás
De acordo com o assentado e secretário de Agricultura de Flores de Goiás, a 235 quilômetros de Brasília, Arthur Miranda, 100 famílias beneficiárias da reforma agrária da região exercem a atividade. Flores é o maior município goiano em número de assentamentos, com 36 destas áreas.
“Temos o potencial de transformar a piscicultura nos assentamentos do município em uma referência no Brasil”, aponta o secretário.
Do total de produtores, 30 são assistidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e pela Secretaria de Agricultura do município. Na avaliação de Miranda, entre os principais gargalos do setor estão a falta de investimentos na construção dos tanques e os custeios com a ração.
Irene Gomes de Melo Castro, do assentamento Água Fria, em Formosa (GO), trabalha com gado leiteiro e está começando a criar peixes. Segundo ela, algumas famílias do local possuem área para piscicultura, mas somente voltada ao consumo. “O custo da ração é o principal entrave para o aumento da produção”, reforça.
Mercado
A Cooperativa Mista Da Agricultura Familiar (Coopindaia) atua na comercialização de produtos oriundos das pequenas propriedades, dentre eles, os pescados. A cooperativa recebe os peixes, faz o abate e a distribuição.
O presidente da Coopindaia, Luciano Andrade de Carvalho, considera a atividade rentável. “Estimamos que o lucro líquido para o agricultor familiar pode ficar entre 30% e 40%.”
Conforme revela, a capital federal é o terceiro maior centro consumidor do país. “São 85 mil toneladas de pescado por ano, tornando este mercado muito atrativo para os produtores rurais”, assegura.
No entanto, o presidente da cooperativa ressalta a importância das licenças e selos de inspeção sanitária. “É fundamental que o produto tenha procedência e qualidade.”
Incra
O chefe da Divisão de Desenvolvimento da Superintendência do Incra no Distrito Federal e Entorno, José Ribeiro de Andrade, indica a existência de 800 beneficiários da reforma agrária atuando no ramo. “Esta estimativa leva em conta os assentados que produzem para comercialização e quem cria peixes para consumo”, explica Ribeiro.
O superintendente do Incra no DF e Entorno, Robson Pereira da Silva, qualifica a piscicultura como alternativa econômica importante a esse público. “Nossos assentamentos têm potencial para ampliar a oferta de pescado no Distrito Federal e Entorno, aumentando a renda das famílias e alavancando as economias dos municípios”, diz.
Assessoria de Comunicação Social do Incra
Tags: Agro
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