Após tanto tempo em quarentena há um claro desejo de retorno ao normal. Aliás, ao novo normal, como muitos estão denominando o tempo que vem adiante. Já estamos na metade do ano e logo completaremos noventa dias de recomendada reclusão, na luta de livrar-nos da surpreendente peste do coronavírus que abala a humanidade neste início de década. Muitos já foram vitimados e famílias choram suas perdas.
Com imensa surpresa o mundo chora o flagelo provocado, ao mesmo tempo em que, intrigado se prepara para um difícil recomeço. Este tem sido o desafio pelo qual sociedades atravessam tal como enfrentando um terreno estranho ou um verdadeiro deserto de areias fofas e dunas intransponíveis.
O eixo dos atuais debates gira em torno da retomada da vida com saúde e economicamente viável. Países que, segundo estudos científicos, já superam o auge da crise – com achatamento da propalada curva estatística – tentam o recomeço enfrentando agudo ceticismo social que, naturalmente, tomou conta das respectivas sociedades. Tem sido na verdade um comportamento ambivalente: usufruir o que tanto vinha desejando e, ao mesmo tempo, retrair-se por segurança sanitária sabendo que o veneno ainda circula abertamente.
Ainda que municiados de equipamentos de proteção individual dos mais comuns (máscara e luvas) o desânimo tem sido expressivo. Como consequência, os efeitos socioeconômicos se revelam como desastrosos. Países como Inglaterra, Itália, Espanha e Portugal que já experimentam uma distensão dos rigorosos regimes de quarentena acumulam altas taxas de quebra e fechamento de negócios por falta da clientela.
Agora, embora com direito a circular, as pessoas se privam de frequentar ambientes por duplo temor: o risco de contaminação que ainda persiste ou a ter que se submeter às exigências do novo normal, isto é, uso de máscaras, luvas, assepsia contínua e distanciamento de convivas. É difícil, sim. Na prática foi-se o tempo em que o congraçamento social, o ver gente, o curtir um ambiente escolhido e encontros de negócios ou de um casal apaixonado eram práticas comuns valorizadas e aguardadas com ansiedade. Um mundo meio triste, sem dúvidas.
Diante desse quadro volto-me ao mundo próximo, em meu redor. Estamos saindo de uma quarentena mais rigorosa (um lockdown meia-boca) imposto, em nome da segurança sanitária, pelos governos locais, na Região Metropolitana do Recife. Acompanhei com viva atenção as notícias sobre a operação. Vi falar de coisas inadmissíveis contra cidadãos corretos e longe de provocar perigos à saúde coletiva. Mas, vi notícias de total desrespeito ao que determinava as autoridades nas regiões suburbanas – que chamo de franjas da metrópole – onde as comunidades não têm noção exata do perigo que corre e, inclusive, consideram a C19 como sendo uma doença dos ricos. Acredito, até, que os integrantes das forças policiais destacadas para o policiamento das regiões pensam do mesmo modo e fazem vistas grossas ao que observam: negócios abertos e comercializando tranquilamente, povo nas ruas e sem uso de máscara ou qualquer outra proteção.
Terá surtido o efeito desejado pelas autoridades? Tenho dúvidas. Abordo esta passagem para lembrar a baixa qualidade ou ausência de ações governamentais no domínio da Educação. A realidade dura é que nossa gente suburbana vive ao “deus-dará” e sem princípios educacionais devidos e terminam por compor um estrato social sem as devidas instruções básicas de comportamento social somente possível à base de uma enérgica e competente política de educação em massa.
Numa discussão entre amigos, um deles acredita que isso só será possível com uma coletiva operação intravenosa de educação e civilidade. É uma coisa surreal, sim, mas, seria uma solução formidável. Esperemos, pois, com cautela este novo normal. Estou sedento por sair e ver o mundo. Mas, confesso meu temor. Estará tudo como dantes? Meu bar predileto sobrevive? E meu restaurante favorito? Por mais otimista que me sinta, prevejo um difícil recomeço.
Girley Antonio M. Brazileiro
Economista
Fonte: Diário de Pernambuco
Cobertura do Tereré NewsQuer ficar por dentro sobre as principais notícias de Mato Grosso do Sul, Brasil e do mundo? Siga o Tereré News nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe!
Comunicado da Redação – Tereré News
Site de notícias em Campo Grande, aqui você encontra as últimas notícias da Capital e ainda Dourados, Três Lagoas, Corumbá, Ponta Porã, Sidrolândia, Naviraí, Nova Andradina e demais municípios de Mato Grosso do Sul. Destaque para seção de empregos e estágios, utilidade pública, publicidade legal e ainda Pantanal, Web Rádio, Saúde, Eleições 2022. Tereré News, Online desde 2017, anuncie conosco e tenha certeza de bons negócios.
Siga o Tereré News Nas Redes Sociais
Desenvolvido por Argo Soluções
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |