O Nazareno fala do fim dos tempos – O discurso escatológico nos evangelhos (2)
Para iniciar comentar sobre o texto do capítulo 13, o discurso escatológico no Evangelho de Marcos, é necessário primeiro, voltar ao capítulo anterior momentaneamente, para sentir a tensão palpável que existia entre Jesus e seus inimigos mortais, as autoridades judaicas como o pano de fundo dos pronunciamentos do Nazareno no capítulo 13.
As críticas severas que Jesus fez ao comportamento hipócrita das autoridades constituídas (Mc 12,38-40) que com suas práticas “devorava as viúvas” (Mc 12,41-44), e a parábola que Jesus conta dos agricultores assassinos (Mc 12,1-12) de um lado, e as contestações que essas autoridades fazem contra o anunciador do Reino de Deus pelos seus ensinamentos (cf. Mc 11,15-19; Mt 21,23-27); junto com as tentativas, por ora frustradas, para eliminar fisicamente o Nazareno (cf. Lc 20,1-47; Jo 7,30.32; 8,32; 11,50-57) nos dão uma ideia desta tensão fatal.
Entrementes, não dá para esquecer daquele mestre da lei, que, na opinião do próprio Jesus, “não está longe do Reino de Deus” (cf. Mc 12,28-34). E este capítulo doze do Evangelho de Mateus termina com o elogio que Jesus de Nazaré faz à generosidade da viúva que depositou apenas duas moedinhas, “tudo o eu tinha para viver”, enquanto os ricos depositavam ostensivamente, até somas vultosas (Mc 12,41-44).
Nas traduções modernas da Bíblia, divide-se o longo texto de 37 versículos do capítulo treze de Marcos em trechos pequenos, legendando-os, para auxiliar o leitor captar melhor a mensagem desta composição complexa. Os elementos que constituem sua totalidade são: a destruição do Templo; perseguições; a grande tribulação; a lição da figueira e a insistência sobre a necessidade de vigiar sempre. O imperativo do verbo grego Blépoo (=olhar, perceber, ficar atento) é empregado quatro vezes neste capítulo (Mc 13,5.9.23.33) para enfatizar a importância de ficar sobreaviso.
Aqui é preciso lembrar-se de que há um fator histórico importante que agravou a hostilidade dos judeus contra os cristãos: a não participação destes na defesa da cidade de Jerusalém sitiada pelo exército imperial romano no ano 70.
Voltando-se para o texto de capítulo 13 do Evangelho de Marcos: ao sair de templo, Jesus enaltece o óbolo de viúva aos seus discípulos, deslumbrados pela a magnificência do Templo. A seu espanto, Jesus afirma que todo aquele esplendor será destruído completamente. Uma vez que chegaram ao monte das oliveiras um grupo de quatro deles fez questão de interpelar Jesus sobre o momento em que essa desastre terrível aconteceria.
Em reposta, Jesus não localiza com precisão o momento, mas na sua característica maneira de ensinar através de metáforas, os acautelou para que ninguém os enganasse. Isto porque aparecerão falsos profetas e impostores, rumores sobre guerras e revoluções se espalharem e haverá fenômenos naturais de proporções extraordinárias, e muitos ficarão enganados. No entanto, ainda não é o fim, é apenas o começo.
Jesus aconselha aos seus redobrarem a atenção, pois eles mesmos serão denunciados, torturados e perseguidos por sua causa, a causa do Reino de Deus. A causa do Reino de Deus é, anunciar a possibilidade de um mundo alternativo ao da tradicional. E qual é o mundo alternativo? É um mundo baseado não na ganância que acumula por si só tudo o que for possível deixando os muitos na miséria. É um mundo baseado na solidariedade, fraternidade no igualitarismo e na partilha. Esta possibilidade se comprova nos milagres de multiplicação dos pães. É urgente é anunciar essa boa notícia (Evangelho) a todas as nações mesmo confrontando o poder do capital, que combate energicamente essa nova ideologia que ameaça seus “lucros”, e gera confusão e desalento.
A agitação, assim gerada, é como o início das “dores de parto” nas palavras de Jesus, o profeta de Nazaré. Neste momento, de acordo com ele, até as próprias famílias vão experimentar divisão no seu seio por causa do Reino de Deus. Vão entregar às autoridades todos aqueles que propõem mudanças que ameaçam o sistema vigente que privilegia as elites. Ao ser entregue às autoridades, deve o discípulo preocupar-se com sua defesa? Não. É o próprio Espírito Santo que vai fazer a defesa. O importante para o discípulo é perseverar firmes “até o fim”.
Nos vv. 14-27 se fala da grande tribulação. O início desta é o elevar da “abominação da desolação” aonde essa não deveria estar. O que temos nos vv.14-20, é provavelmente o que os cristãos fizeram para salvar suas vidas durante o cerco de Jerusalém pelos romanos. No que eles fizeram, foram motivados pela sua consciência da sua missão de anunciar a Boa Nova de Jesus com urgência, “antes do fim dos tempos” e a convicção de que a realização do plano salvífico de Deus para a humanidade não era mais o monopólio da nação judaica.
Há diversas instruções de ordem prática para salvar as vidas; além disso, há menção das dificuldades encontradas no processo de fuga por alguns grupos específicos e, finalmente, se exalta a necessidade de oração pedindo o auxílio do Senhor nestes momentos críticos.
Outra vez, temos referência a salvadores falsos até milagreiros oportunistas, que explorarão a dor do povo e lucrarão enormemente de desgraça alheia. A exortação é de ficar sobreaviso, permanecer firmes e não desviar do caminho do Reino. Há também uma referência à figura de Filho do Homem, que, vindo na sua glória, reunirá seus eleitos dos quatro ventos.
Em seguida nos vv. 28-31 ensina-se uma lição da figueira. É mais uma advertência sobre “ler os sinais dos tempos”. Está em percurso mudança radical e urgente (“esta geração não passará”) e essa mudança é definitiva. Há incertezas e perplexidades que marcam o momento; de novo, a instrução é para ficar atentos, igual aqueles servos a quem o homem que viajou, deixando sua casa e deu autoridade; cabe a eles aguardarem sua chegada de volta, vigilantes.
Pe. Kurian
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