Uma parte de nós também morre com Viviane Vieira, no Rio de Janeiro, com Anna Paula Porfírio, no Recife, ou quando a barbaridade vitimiza qualquer mulher, em qualquer lugar deste mundo.
Nada justifica o crime abjeto cometido por esses homens.
Nada do que for dito, feito, pensado, pesquisado, analisado ou reprovado será reparo a essas vidas, e o que elas representam para suas famílias e para nós mesmas – congêneres.
No entanto, em prol de novos destinos, precisamos estar atentas para um fato: o machismo estrutural é responsável por estimular – incentivar – os homens criminosos.
Os homens precisam integrar ativamente o movimento de consciência coletiva masculina contra o machismo.
Acontece que, se ELE não foi o assassino ou o agressor, ELE acha que não faz parte do contexto. E faz sim.
Os homens precisam ser ativos na causa feminina, não apenas de maneira omissiva – “deixando de fazer o mal” -, mas de maneira ativa, agindo para produzir o bem e prevenir violência. Ouvimos de um colega de trabalho outro dia, sobre a necessidade desse lugar de fala masculino no combate à violência doméstica, que: “ – É muito difícil dialogar com outro homem sem o palavreado machista.” Como assim? São incapazes de evoluir? Estão aprisionados na “estrutura machista”?
O fato é que: o homem precisa ser inserido efetivamente neste debate, nesta luta. Precisa saber respeitar, curar e suportar suas dores que eventualmente tenham com o universo feminino. Quantas vezes ouvimos dizer que uma mulher matou seu companheiro porque este a traiu, ou porque a trocou por outra, ou simplesmente porque quis mudar o rumo da vida para outros relacionamentos?
Em casos isolados, pode até ter acontecido – pois de tudo acontece debaixo desse céu, mas de tão reduzidos não são corriqueiros ou estatísticos. Porque a mulher que se sente vitimada não “extermina o algoz”? A resposta pode ser simplificada: a mulher suporta, conduz, ressignifica, aguenta suas dores, é resiliente, mesmo que permaneça remoendo uma vida.
A mulher “traída, trocada, insultada, rejeitada e vítima” sobrevive. Busca outros valores para seguir. O homem traído, ou simplesmente quando deixa de ser “a coisa mais importante da vida da mulher”, simplesmente não aguenta. Não consegue sobreviver na sociedade machista, porque o desenlace funciona como se ele perdesse sua decência, dignidade, virilidade e moral. E aí bater ou tirar a vida da vítima se torna uma forma monstruosa de ser o macho que faz prevalecer sua honra e dignidade.
Nós, mulheres, que somos vítimas de assédio sexual, estupro, preconceitos, rebaixamentos, já sabemos que nossa decência não está atrelada à conduta do outro. Descobrimos, a duras penas, que nós determinamos nosso valor e não os outros.
A sociedade machista forma criminosos há muitos anos, acabam com vidas, gera sofrimentos intensos. Famílias rompidas e desestruturadas. Isso, todo mundo sabe. O que não se parece saber é que os homens precisam aprender a conviver com a mudança cultural do comportamento feminino – elas decidem para onde querem ir, são donas de si, de seus corpos e não dependem mais dos homens machos mantenedores. O que não significa que não são capazes de permanecer com um relacionamento amoroso pela vida toda. Se assim quiserem.
A consciência coletiva masculina precisa cuidar de viver em harmonia com os novos paradigmas. Caso contrário, os homens entrarão na fila para ser o próximo assassino ou o próximo agressor, quando se depararem com sua parceira simplesmente decidindo fazer algo diferente, que não estava previsto nas regras convencionais.
O clichê aqui cabe perfeitamente: para uma porta fechada, sempre há uma, duas ou três janelas abertas.
Enfim, o homem precisa amadurecer e aprender a conviver com sua dor.
Sem matar e nem bater em ninguém diante de suas próprias fraquezas.
Afinal, como é covarde e pequena a masculinidade diante da monstruosidade da violência.
Fonte: Diário de Pernambuco
Tags: Diário Oficial, feminicidio
Cobertura do Tereré NewsQuer ficar por dentro sobre as principais notícias de Mato Grosso do Sul, Brasil e do mundo? Siga o Tereré News nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe!
Comunicado da Redação – Tereré News
Site de notícias em Campo Grande, aqui você encontra as últimas notícias da Capital e ainda Dourados, Três Lagoas, Corumbá, Ponta Porã, Sidrolândia, Naviraí, Nova Andradina e demais municípios de Mato Grosso do Sul. Destaque para seção de empregos e estágios, utilidade pública, publicidade legal e ainda Pantanal, Web Rádio, Saúde, Eleições 2022. Tereré News, Online desde 2017, anuncie conosco e tenha certeza de bons negócios.
Siga o Tereré News Nas Redes Sociais
Desenvolvido por Argo Soluções
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |