As eleições para a mesa da Câmara dos Deputados são relevantes por três motivos. Primeiro, porque permitirão (ou não) que o Legislativo siga atuando como freio e contrapeso aos arroubos de Bolsonaro. Depois, porque sinalizarão (ou não) a capacidade da oposição de costurar alguma tática comum para as presidenciais de 2022. E, finalmente, porque viabilizarão (ou não) as reformas de que o país se ressente.
A priori existiam três grandes grupos. Além de partidos pequenos que, como PSol e Novo, cogitam lançar candidatos para marcar posição. O primeiro bloco definido foi o que apoia Arthur Lira, o candidato de Bolsonaro. Com os seguintes partidos: PP, PL, PSD, Solidariedade, PTB, PROS, PSC, Avante e Patriota. Até há pouco o Partido Republicanos, com 31 deputados, cogitava lançar a candidatura de Marcos Pereira, bispo da Igreja Universal, na tentativa de criar uma “3ª via”. Mas ele aderiu ao candidato do presidente, sob a promessa do Ministério da Cidadania (que cuida do Bolsa Família), comenta-se. Ou da Indústria e Comércio, que já ocupou no Governo Dilma. O segundo bloco, articulado por Rodrigo Maia, juntou de início DEM, MDB, PSDB, PSL, Cidadania e PV. O terceiro bloco, o da esquerda, abrangia PT, PSB, PDT, PC do B e Rede. Na 6ª feira o bloco inicial de Maia e o dos partidos de esquerda se juntaram.
Até 1º de fevereiro, muita água ainda vai rolar. Mas o cenário já se moveu para a formação de duas grandes frentes. A bolsonarista em torno de Arthur Lira, com potencial de 204 votos. E a liderada por Rodrigo Maia, alargada com o apoio da esquerda, com potencial de 281 votos. Falo de potencial porque é forte a tradição de traições e dissidências à posição oficial das bancadas. Curioso é verificar o contraste entre Rodrigo Maia e setores do PSB e PT. O primeiro sacrificou a candidatura de Elmar Nascimento, do seu partido, para costurar uma aliança capaz de derrotar a de Bolsonaro. Nesses dois partidos, há setores que ainda flertam com a candidatura do presidente da República. Pequenos apetites, há quem imagine.
No documento conjunto lançado pelos partidos do bloco de Maia, a referência a Ulysses Guimarães veio com o compromisso de aprofundar nossa democracia e conter as inclinações autoritárias e regressivas da direita radical instalada no Executivo. O documento anuncia uma posição política, antes do candidato. Um bom sinal em tempos de populismo e personalismo. Uma aliança que parece se justificar para que a Câmara continue sua tarefa de contenção aos excessos e intenções autoritárias de um presidente que nunca soube se movimentar no jogo parlamentar e sempre mostrou pouco respeito pelas demais instituições.
Rodrigo Maia se elegeu com uma ampla costura que alcançou os partidos de esquerda. Repetir a tática pode garantir a vitória à oposição em fevereiro. O presidente continuaria submetido aos freios e contrapesos de uma Câmara não servil e menos propensa às prebendas do Executivo. Uma Câmara não capturada teria mais condições de negociar com amplos segmentos o conteúdo de reformas e projetos inadiáveis. Mas que só se tornam viáveis se levarem em conta outras forças do Brasil real. Sobretudo os setores populares, sobre quem desaba a conta da ausência de reformas. Mas também a das reformas feitas com o olhar da Faria Lima. Essa nova frente costurada por Maia pode ter um efeito positivo na construção dos diálogos entre os partidos de esquerda, de centro e de direita que não estejam dispostos a repetir 2018.
Mesmo que seja difícil uma candidatura única de amplas forças democráticas não bolsonaristas, esse diálogo pode produzir táticas que viabilizem a derrota do bolsonarismo no 2º turno de 2022. Mas, principalmente, a construção de consensos parciais em torno de temas essenciais a um novo projeto de nação. Afinal, foi com maturidade política, articulação e unidade que o povo americano se livrou de Trump. Por que os brasileiros não podem fazer o mesmo com o seu plagiário e sua pauta regressiva nos valores?
Por: Maurício Rands
Fonte: Diário de Pernambuco
Cobertura do Tereré NewsQuer ficar por dentro sobre as principais notícias de Mato Grosso do Sul, Brasil e do mundo? Siga o Tereré News nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe!
Comunicado da Redação – Tereré News
Site de notícias em Campo Grande, aqui você encontra as últimas notícias da Capital e ainda Dourados, Três Lagoas, Corumbá, Ponta Porã, Sidrolândia, Naviraí, Nova Andradina e demais municípios de Mato Grosso do Sul. Destaque para seção de empregos e estágios, utilidade pública, publicidade legal e ainda Pantanal, Web Rádio, Saúde, Eleições 2022. Tereré News, Online desde 2017, anuncie conosco e tenha certeza de bons negócios.
Siga o Tereré News Nas Redes Sociais
Desenvolvido por Argo Soluções
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |