Não existem duas violas de cocho iguais, posto que cada artesão tem sua particularidade, o seu estilo. Uma vez pronta a viola, os detalhes vão revelar a discreta assinatura de seu criador no “braço” do instrumento. A construção de uma viola-de-cocho é uma atividade que congrega crenças e saberes, rituais e devoções Essa manifestação acontece com mais ênfase no Banho de São João, em Corumbá., que em 2020 infelizmente não terá o mesmo brilho devido a pandemia que nos cerca neste momento. Neste ambiente,os festeiros colocam as imagens do santo em um altar enfeitado, armado em um andor. Ao som da viola, o mastro com a imagem do santo é levantado e em procissão, os fiéis descem a ladeira Cunha e Cruz, fazem orações e acompanham apresentações de cururueiros até chegar à beira do majestoso Rio Paraguai, onde os festeiros relembram a história de João Batista e dão um banho da imagem do santo, ao mesmo tempo em que o tocam e pedem por milagres e graças.
Reza a tradição, que moças solteiras, ao passarem sete vezes embaixo do andor, terão sorte no amor naquele ano. O nome do instrumento deve-se à mesma técnica usada para a fabricação do cocho – espécie de gamela escavada para alimentar os animais. A madeira usada na construção da viola-de-cocho, mais comum é a chimbuva; para o tampo, raiz de figueira; para as demais peças, pode ser o cedro. A colagem das partes da viola é feita, tradicionalmente, usando-se o sumo da batata conhecida como sumbaré. Os pontos são confeccionados com fios de algodão, revestidos com cera de abelha. No passado, a maioria das violas armava-se com cinco cordas singelas, quatro delas de tripa de animal (macaco ou porco). Agripino Soares de Magalhães que faleceu essa semana,aos 101 anos, sempre será uma das referências quando se trata do folclore musical pantaneiro sendo um dos grandes incentivadores da preservação cultural do instrumento. Seu Agripino, manteve viva a tradição dos sons regionais da viola-de- cocho ao lecionar, o instrumento para alunos da Escola de Artes Moinho Cultural, de Corumbá, um excelente projeto social que atende a centenas de crianças brasileiras e bolivianas, através da dança e da música. Selecionado como mestre pelo Prêmio Culturas Populares do Ministério da Cultura, o nome de Agripino se confunde com a própria história da viola de cocho no Pantanal. Graças principalmente ao cururueiro nascido em Várzea Grande, no Mato Grosso, o instrumento confeccionado artesanalmente está registrado desde 2005 como patrimônio imaterial no Livro de Saberes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Na cidade de Corumbá, existe para ampla visitação, o monumento “Viola de Cocho”. Evento que integrou as comemorações dos 300 anos de Cuiabá, capital do Mato Grosso. Instalada em frente ao Centro de Convenções, a obra – presente da Prefeitura de Cuiabá – é uma retribuição ao obelisco oferecido em 1919 pelos corumbaenses em homenagem ao bicentenário da capital mato-grossense. Nela está representado o Tuiuiú, ave símbolo da maior planície alagada do mundo, nos lembra que as águas do Pantanal não separam, mas unem o Mato Grosso (MT) ao Mato Grosso do Sul (MS). Estados siameses em suas tradições e culturas gestadas na coragem indômita dos povos indígenas e no vigor dos brancos e negros que mais adentraram ao oeste da civilização ocidental.
Pode se ver ao Centro da obra, representações estilizadas dos rios que formam a bacia pantaneira sobressaem como artérias pujantes da integração latino-americana e de ambos estados, celeiros do mundo. Representação dos Obeliscos que unem Cuiabá e Corumbá. O Cardume nos remete à necessidade de nos mantermos unidos, ágeis vigilantes e com a imprescindível coragem de preservação deste patrimônio natural que antes de pertencer aos contemporâneos, é presente a humanidade futura.
O Sol, em destaque, pode ser interpretado como um século que se encerra ou o alvorecer dos tempos vindouros. A representação dos Vasos Cerâmicos é elo aos povos pré-colombianos formadores da cultura mato-grossense. Por fim ressalto que todas as homenagens são justas ao Mestre Agripino e reitero: A cultura não pode morrer, é tudo o que temos !
Rosildo Barcellos
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