Equipa de 45 peritos ucranianos foi enviada para Teerão, capital iraniana, onde já está a trabalhar na investigação ao acidente aéreo que vitimou 176 pessoas. O grupo pedirá às autoridades locais para abrir as caixas negras, confirma ao Expresso a embaixadora da Ucrânia em Lisboa
Uma equipa de 45 especialistas ucranianos está em Teerão a investigar as causas da queda do Boeing 737, da Ukraine International Airlines, que caiu logo após descolar da capital iraniana, matando 176 pessoas. Na sequência da recusa da autoridade de aviação civil iraniana de ceder aos Estados Unidos as duas caixas negras do aparelho, serão os peritos ucranianos a tentar abri-las.
A confirmação foi dada ao Expresso por Inna Ohnivets, embaixadora da Ucrânia em Portugal. “Não sabemos o que causou esta catástrofe, mas temos de seguir o procedimento formal. Os especialistas vão pedir para abrir as caixas negras”, explicou, escusando-se a comentar o facto de o Irão o ter recusado aos EUA.
A verdade é que Ali Abedzadeh, chefe da Organização da Aviação Civil iraniana (CAO), já tinha dito que os “os ucranianos poderiam participar” nas averiguações, apesar de estas serem “responsabilidade do Irão”. Horas depois, o país prometeu formalmente à Ucrânia uma investigação objetiva sobre o desastre e colaboração com a equipa ucraniana. Parte dessa equipa de especialistas agora em Teerão integrou a comissão que investigou a queda do avião MH17, da Malaysia Airlines, abatido em 2014 no leste ucraniano por separatistas pró-russos.
Esta quinta-feira, fontes ocidentais e iraquianas afirmaram que o Boeing 737 terá sido abatido por um míssil iraniano, tese imediatamente recusada por Teerão, mas reforçada pelo Canadá. O “New York Times” publicou um vídeo que parece mostrar um míssil iraniano a atingir um avião numa zona próxima do aeroporto de Teerão. “Não posso comentar. Será o governo ucraniano a fazê-lo”, responde a embaixadora Inna Ohnivets.
O governo ainda não o fez especificamente em relação a esta suspeita, mas já pediu que se evitem especulações, na voz do presidente do país, Volodymyr Zelensky. “Peço a todos (…) para se absterem de manipulações, especulações, teorias de conspiração, avaliações ou juízos categóricos precipitados e teorias sem fundamento”, afirmou Zelensky.
Não se sabe o que pensa o presidente ucraniano, mas o secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, Oleksiy Danilov, falou na possibilidade de o avião ter sido “atingido por um míssil de defesa aérea, incluindo um míssil de cruzeiro Tor [sistema de defesa antimíssil de fabricação russa]”, depois dos relatos de presumíveis fragmentos terem sido encontrados próximo do local. Nenhum desses relatos foi confirmado. Danilov apontou ainda como razões possíveis “uma explosão dentro do avião como resultado de um ataque terrorista”, uma colisão com outro aparelho ou a explosão de um dos motores.
Oleksiy Danilov foi dos primeiros a dar a notícia de que os peritos se encontravam em solo iraniano, assim que o avião aterrou. Entretanto, os voos entre a capital ucraniana, Kiev, e os espaços aéreos de Irão e Iraque foram suspensos.
“Uma aeronave do Ministério da Defesa voou para o Irão com um grupo de especialistas. Desejamos-lhes boa sorte na realização das suas tarefas. A Ucrânia aguarda o seu regresso.”
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