O ex-Presidente da Bolívia considerou “um grande erro” não ter tido “um plano B” para defender o seu Governo. O seu principal rival nas eleições de outubro, declaradas fraudulentas, acusou Morales no Twitter: “Primeiro queria cercar as cidades e agora sugere armar grupos irregulares e violentos para enfrentar os bolivianos e as Forças Armadas”
Oantigo Presidente da Bolívia Evo Morales disse este domingo que, se voltar ao país, formará “milícias armadas”.
Em declarações feitas na Argentina, onde resiste atualmente, à Rádio Kawsachum Coca, propriedade do sindicato de produtores de coca a que pertence, Morales não deixou margem para dúvidas: “Em pouco tempo, se eu voltar, terei de organizar, como na Venezuela, milícias armadas do povo”.
O ex-chefe de Estado considerou “um grande erro” não ter tido “um plano B” para defender o seu Governo.
Pressionado pela polícia, pelo Exército e pelos protestos nas ruas motivados pelas denúncias de fraude nas eleições presidenciais, Morales renunciou a 10 de novembro de 2019. Morales tentava assegurar um quarto mandato consecutivo depois de quase 14 anos no poder na Bolívia.
“Porquê esse golpe de Estado? Entre os movimentos sociais e o Governo [a que presidia], reconhecemos que confiámos muito”, admitiu, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
DECLARAÇÕES PODEM AGRAVAR CASO DE MORALES
As declarações de Morales, sobre quem pende um mandado de prisão emitido pelo Ministério Público boliviano por denúncias de “sedição e terrorismo”, podem agravar o seu caso, alertou Israel Alanoca, vice-ministro do Governo da Presidente interina, Jeanine Áñez.
O ex-Presidente Carlos Mesa, o principal rival de Morales nas eleições de outubro, escreveu no Twitter que este “primeiro queria cercar as cidades e agora sugere armar grupos irregulares e violentos para enfrentar os bolivianos e as Forças Armadas”.
Mesa referiu-se deste modo à acusação do Governo de Áñez sobre um áudio atribuído a Morales, onde uma voz instrui um líder cocaleiro a sitiar as cidades e a bloquear o abastecimento de comida, avança a AFP.
“Estas ameaças recorrentes mostram as verdadeiras intenções de Morales”, acrescentou.
O MANDADO DE CAPTURA CONTRA MORALES
Na semana passada, o Ministério Público emitiu um mandado de captura contra o antigo Presidente. Segundo revelou o ministro boliviano do Interior, Arturo Murillo, a ordem destina-se a impedir a participação do ex-chefe de Estado num fórum sobre Direitos Humanos no Chile.
“Demos indicação para a emissão pela Interpol do mandado internacional de captura contra Evo Morales por causa das notícias que chegam do Chile”, revelou o governante. O ministro referia-se a uma publicação no Twitter do senador chileno Iván Moreira, que na terça-feira anunciou que Morales planeava participar no fórum com o seu advogado, o antigo juiz espanhol Baltasar Garzón.
No entanto, Morales garantiu que não tem “convite oficial” nem “informações” sobre o evento. “Antes, quando era dirigente, os racistas declaravam-me ‘persona non grata’, agora, como Presidente indígena, pedem a minha detenção”, acusou.
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