A Operação “Mata Atlântica em Pé”, iniciativa nacional voltada a combater o desmatamento e a recuperar áreas degradadas do bioma no País, foi lançada nesta segunda-feira (19/9). A ação chega em sua 5ª edição e ocorre simultaneamente nos 17 estados da Federação abrangidos por esse tipo de ecossistema.
Em Mato Grosso do Sul, a operação contará com o apoio da Polícia Militar Ambiental (PMA), que realizará as fiscalizações no modo presencial, a partir dos 46 alvos de desmatamento de vegetação nativa em área do bioma Mata Atlântica, identificados pelo Núcleo de Geotecnologias (Nugeo) do MPMS.
Os alvos foram extraídos a partir dos dados elaborados pelo Programa DNA Ambiental (Programa de Detecção de Desmatamento Ilegal de Vegetação Nativa), que realiza análises multitemporais para identificação dos desmatamentos possivelmente ilegais no Estado.
As atividades de fiscalização, que prosseguem até o fim do mês, têm por objetivos identificar as áreas de Mata Atlântica desmatadas ilegalmente nos últimos anos, cessar os ilícitos e responsabilizar os infratores nas esferas administrativa, civil e criminal.
Desmatamento crescente
Dados da edição mais recente do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, publicado em maio deste ano, mostra um aumento de 66% de redução do bioma em relação ao ano anterior. Foram 21.642 hectares de floresta nativa desmatada entre 2020 e 2021 – o equivalente a mais de 20 mil campos de futebol. No período de 2019 a 2020, o registro foi de 13.053 hectares. Comparando com a marca de 2017 a 2018, quando se atingiu o menor índice de desflorestamento da série histórica (11.399 hectares), o aumento deste ano chega a 90%. Outro dado trazido pela última edição do levantamento é o de que, no período 2020 a 2021, apenas dois estados apresentaram queda no desflorestamento, enquanto cinco unidades da Federação acumulam 89% de todo o desmatamento identificado: Minas Gerais (9.209 ha), Bahia (4.968 ha), Paraná (3.299 ha), Mato Grosso do Sul (1.008 ha) e Santa Catarina (750 ha). Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Sergipe e Pernambuco, que, de acordo com as séries históricas, estavam próximos do fim do desmatamento, registraram alta no levantamento mais recente.
O Atlas da Mata Atlântica é elaborado anualmente, desde 1989, pela Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), unidade vinculada ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações. O relatório anual é uma referência na área, sendo estratégico para a identificação das regiões mais críticas – mais devastadas e mais ameaçadas – contribuindo para a produção de conhecimento científico na área, bem como para a tomada de decisões pelos poderes públicos e órgãos ambientais dos 17 estados abrangidos pelo bioma.
Bioma
Uma das florestas mais ricas em diversidade de espécies, a Mata Atlântica abrange uma área de cerca de 15% do total do território brasileiro, em 17 estados. O bioma é também um dos mais ameaçados, restando atualmente apenas 12,4% da floresta que existia originalmente no País – sendo 80% desses remanescentes localizados em áreas privadas. Integradas por diversas formações florestais (floresta ombrófila densa, floresta ombrófila aberta, floresta estacional semidecidual, floresta estacional decidual e floresta ombrófila mista, também denominada de mata de araucária), além de ecossistemas associados (restingas, manguezais, campos de altitude, brejos interioranos e encraves florestais), a Mata Atlântica é o ecossistema onde 70% da população brasileira vive em território antes coberto por ele – daí a importância da preservação do bioma.
Texto: Ana Paula Leite/Jornalista Assecom MPMS – com informações do MPPR
Imagem: MPPR
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