Baixa escolaridade também é relacionada com maior incidência de gravidez antes dos 20 anos. Além disso, gravidez na adolescência reduz escolaridade de mulheres em cerca de 1,5 ano.
Uma economista da Universidade de São Paulo (USP) de Piracicaba (SP) estudou sobre a influência da gravidez na adolescência no mercado de trabalho das mulheres. Segundo a pesquisa, as mães que engravidaram até os 20 anos ganham em média 30% a menos que as outras mulheres. Além disso, escolaridade delas tende a ser, em média, 1,5 ano menor do que a das mulheres que não tiveram filhos nessa faixa etária.
A doutora em economia e docente sênior do Departamento de Economia, Administração e Sociologia (LES) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), Ana Lúcia Kassouf, explica que o estudo faz parte de um projeto que analisa o impacto da gravidez precoce na educação, alfabetização e no mercado de trabalho.
O Brasil é o único país da América Latina a receber esse estudo, que foi financiado pela instituição sem fins lucrativos PEP (Partnership for Economic Policy), com sede no Quênia, e financiamento de países como o Canadá e do Reino Unido.
“A gente propôs esse tema para tentar entender o quanto a gravidez na adolescência afeta o mercado de trabalho das mulheres. No Brasil quase não há pesquisa sobre isso e um dos limitantes é o dado”, afirma Ana Lúcia.
Segundo ela, a maioria dos dados que utilizou são de 2013 e fazem parte da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que disponibilizou as variáveis que ela precisava para a análise. Ela considerou dados das mulheres de 29 a 40 anos que relataram ter tido filhos antes dos 20 anos.
Escolaridade e renda têm maior impacto, aponta pesquisa
Os principais resultados giram em torno da escolaridade e da renda da mulher que engravidou na adolescência. Os dados analisados por Ana Lúcia apontam que a gravidez precoce reduz os anos de estudo em cerca de um ano e meio, em média. “Muitas param de estudar para cuidar do filho e não voltam depois”, explicou.
E essa redução é justamente a causa dessas mulheres futuramente conseguirem empregos informais e terem a renda reduzida em cerca de 30%. “Se a gente olhar especificamente para mulheres pretas e pardas essa queda é ainda maior”, afirmou.
“A gente observou que aumentava a probabilidade [da mãe adolescente] de trabalhar, porque precisava de renda para cuidar do filho. Mas ao mesmo tempo essas mulheres entravam no mercado de trabalho informal, que exige menos qualificação e é mais flexível, mas que também paga menos salário”.
A pesquisa mostra, ainda, que a escolaridade baixa também foi um fatores que contribuiu para que as mulheres engravidassem antes dos 20 anos. O índice mais alto está entre as que tinham o ensino fundamental incompleto, com 58,7%, seguido das que não tinham escolaridade nenhuma, com 56,6%. Veja os dados no gráfico.
O gráfico mostra ainda que 13,1% das mulheres com ensino superior completo tiveram filhos antes dos 20 anos, ou seja, a gravidez na adolescência influenciou a escolaridade das mulheres. Algumas abandonaram os estudos para cuidar dos filhos ou não chegaram a cursar o ensino superior.
Problema social
Além de mostrar a análise dos dados, o estudo tem o intuito de influenciar as políticas públicas sobre o assunto e, de fato, trazer algum benefício e mudança. Para Ana Lúcia, um dos principais fatores que gira em torno da gravidez na adolescência é o social.
“Para muitas meninas, ir ao médico e tomar um anticoncepcional significa que você está tendo uma vida sexual. Muitas não querem mostrar isso para a família porque pode ser um problema. É um tabu, mas precisa ser quebrado. As famílias precisam de orientação.”
“São pessoas com baixa renda, baixa escolaridade e que moram em áreas pobres, em sua maioria”, concluiu. As diferenças também se mostram regionais, já que as ocorrências de gravidez na adolescência tendem a ser mais comuns no Norte e Nordeste do país.
A pesquisa mostra ainda que a maior parte das adolescentes que engravidaram estavam na faixa mais baixa de renda, que na época da apuração dos dados, em 2013, representava uma renda familiar abaixo de R$ 1 mil. Nesta faixa, estavam 48% das mulheres que tiveram filhos antes dos 20 anos.
Já na porcentagem da população com maior renda familiar, que à época representava pouco mais de R$ 3 mil, 22% das mulheres engravidaram até essa idade.
A pesquisadora afirmou que esse é um problema que perpetua o ciclo de pobreza. “Será que as meninas têm conhecimento de tudo isso? Teria que entrar com um programa dentro das escolas, mostrar os problemas e as consequências de uma gravidez precoce. Tanto na área médica quanto na área econômica. Tem que ter uma política pública aí”, finalizou.
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