A iniciativa do TJMS, por meio da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar e em parceria com a Escola Judicial (Ejud-MS), faz parte das ações dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres, uma campanha global da ONU Mulheres.
Na abertura do evento, a juíza Jacqueline Machado, que responde pela Coordenadoria da Mulher de MS, destacou que a palestra foi realizada em parceria com o Consulado Americano e que é muito importante conhecer outras experiências porque a violência contra a mulher é um fenômeno mundial.
“Infelizmente, em MS temos hoje 26 mulheres vítimas de feminicídio e precisamos mudar essa realidade. É com trabalho de prevenção que mudamos essa situação, pois uma lei não muda uma cultura machista, patriarcal, que é a grande causa dessa violência de gênero. Precisamos conhecer experiências de outros países para saber como evoluir, fazer mais para reduzir e até mesmo acabar com essa violência de gênero, que é tão cruel no mundo todo”.
Em uma fala concisa e muito esclarecedora, a palestrante falou sobre a criação da DC Safe, garantiu que acredita muito nos sistemas não-governamentais e equipes multidisciplinares e explicou que o objetivo de seu trabalho é garantir que as vítimas de violência doméstica estejam seguras.
“Nos últimos 10 anos, a DC Safe está onde estão as vítimas. É necessário esclarecer que falamos sobre vítimas de violência entre parceiros/conviventes e não violência doméstica e familiar. Temos vários defensores, além de assistência jurídica. Passei muitas noites acordadas pensando em como possibilitar o empoderamento das mulheres vítimas. Temos 9.000 vítimas/ano no começo de sua jornada para sair de uma situação de violência”, relatou.
Ana esclareceu que muitas mulheres não se sentem vítimas, por isso usa a palavra sobrevivente. Ela confidenciou que começou a defender a causa porque viu a mãe sofrer esse tipo de violência com o padrasto e as barreiras que enfrentou. “Essa situação me ensinou muito coisa, porque vi a luta que as vítimas enfrentam. Carrego isso em meu trabalho e acredito que é realmente importante sentir que estou contribuindo para a sobrevivência de vítimas de violência doméstica”.
No início da carreira, Ana lembra que tinha muito sucesso trabalhando com o sistema judicial, a polícia oferecendo respostas multidisciplinares, contudo não havia efetivamente reações das vítimas ligadas à cura. Tal situação a obrigou a parar, ouvir as vítimas para saber do que precisavam, avaliar seu trabalho e descobrir que não existiam serviços de emergência suficientes para as vítimas.
“Elas precisam de algo imediato. Agora, temos uma linha de crise, defensores disponíveis 24 horas e a resposta tem sido muito positiva em nosso 0800. Passamos de 50 chamadas para 11 mil. A DC Safe iniciou com quatro mil vítimas e agora temos 10 mil. Elas estão reagindo e sabem onde ir. Não têm medo de dizer que precisam de ajuda”.
Em Washington, segunda ela, a maioria da população vive abaixo da linha da pobreza e é lá que tudo começa. Então, como ajudá-las para que sejam independentes? Como investir para que essas mulheres sobrevivam sem o agressor e tenham uma atividade profissional?
“O difícil é dar apoio financeiro e isso nos preocupa. Começamos com mulheres que estão na pobreza por gerações, pois o único apoio para sobrevivência delas é do governo e é temporário. A notícia boa é que menos de 1% volta para a situação de pobreza e, em 90% dos casos, as vítimas desejam ingressar com ação judicial contra o agressor”.
Ao final, o público estava tão interessado nas informações da palestrante que utilizou mais de 30 minutos do evento para fazer questionamentos sobre ações e resultados obtidos nesse trabalho.
Além de servidores do Poder Judiciário, prestigiaram a palestra a juíza Helena Alice Machado Coelho, da 1ª Vara de Violência Doméstica da Capital; os promotores Alexandre Saldanha e Fernando Jorge Manvailer, que atuam na área de violência doméstica; a delegada da Polícia Civil Eva Maria Cogo da Silva (Paranaíba); a coordenadora da Casa da Mulher Brasileira, Tai Loschi; Ana José Alves, subsecretária de Políticas Públicas para a Promoção de Igualdade Racial de MS; Raíssa Espíndola, da Subsecretaria Especial de Cidadania da Capital; Ricardo Teixeira de Brito, diretor da Unidade Mista de Monitoramento de MS; Flávia Pierrete, presidente da Associação de Mulheres com Deficiência de MS, entre outros.
Currículo – Ana Natalia Otero é bacharel em Economia Empresarial pela Agnes Scott College e tem mais de 16 anos de experiência de trabalho com o tema violência doméstica. Depois de passar parte de sua carreira advogando diretamente para essas vítimas, em 2006 ela cofundou a DC SAFE, em resposta direta à necessidade nos serviços de intervenção em crises.
Em pouco menos de 12 anos, Natalia aumentou a capacidade da DC SAFE e os atendimentos/ano chegam a mais de 9.000 vítimas. Além disso, ela expandiu os programas de atendimento para incluir um abrigo inovador, único programa habitacional no distrito de Columbia a abrigar as vítimas e suas famílias rapidamente. Natalia foi pioneira em crescimento substancial de recursos para as organizações.
Sob a liderança da palestrante, a DC SAFE recebeu o Prêmio Nacional de Serviço às Vítimas de Crimes de 2014, do Departamento de Justiça dos EUA, bem como o Prêmio de Mérito do Departamento da Marinha. Natalia foi recentemente reconhecida pelo Center for Nonprofit Advancement como vencedora do Prêmio EXCEL 2017 por suas excelentes habilidades como líder sem fins lucrativos na comunidade de DC e, mais recentemente, foi agraciada com a Michael Rubinger Community Fellowship 2018 pela LISC.
Texto: Assessoria de Imprensa TJMS
Publicado por: Carlos Eduardo Orácio
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